Estou a correr,
a fugir de algo. Eu corro com todas as forças que me restam e que a raiva me
dá, eu corro. Já estou sem ar e as pernas tremem. Então eu paro. Paro não para
descansar, mas para pensar e reencontrar o motivo que me leva a fugir. Porque
no meio da fuga e do cansaço, ele escapou-me. Esqueci-me dele por mínimos
instantes, mas suficiente para me travar. Respiro profundamente com intenção de
abrandar a respiração. Olho em redor, vejo a vida, a vida no seu melhor.
Primavera. Estou a detestar esta época. Foi quando tudo começou, o amor e a
esperança dolorosa, nos juntas e completas, e agora a minha partida e dor
doentia. Enfraqueço. Caiu lentamente e as flores brancas e selvagens
abraçam-me, como se compreendessem o meu desespero. Meu pânico sem fim. Eu
perdi-me. Mas abracei-as de volta. E imaginei o que dizias-me. “És louca amor“. Uma lágrima cai e detém-se numa das
pétalas. Limpei o trajeto por ela feito no meu rosto. Onde estarei eu? Só vejo o campo coberto por flores que me acolhem. Triste. Decido ficar, aqui, agora, com
elas. Únicas que suportam ver-me. Que cuidarão de mim, talvez curarão as
feridas e apagarão as memorias. Serão únicas a julgar os meus actos e apoiar as
minhas derrotas. Mas…espera…elas não são eternas. Elas irão secar e desaparecer.
Irão abandonar-me também. E esse tempo, pouco tempo, com elas não é suficiente
para o meu sofrimento e a minha sanidade. Elas partirão. E voltarei a
ausentar-me na solidão. Não. Eu evito. Eu levanto-me e corro. Estou a correr, a
fugir de algo. De novo.
02-04-2013
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