terça-feira, 2 de abril de 2013

* Flores *



Estou a correr, a fugir de algo. Eu corro com todas as forças que me restam e que a raiva me dá, eu corro. Já estou sem ar e as pernas tremem. Então eu paro. Paro não para descansar, mas para pensar e reencontrar o motivo que me leva a fugir. Porque no meio da fuga e do cansaço, ele escapou-me. Esqueci-me dele por mínimos instantes, mas suficiente para me travar. Respiro profundamente com intenção de abrandar a respiração. Olho em redor, vejo a vida, a vida no seu melhor. Primavera. Estou a detestar esta época. Foi quando tudo começou, o amor e a esperança dolorosa, nos juntas e completas, e agora a minha partida e dor doentia. Enfraqueço. Caiu lentamente e as flores brancas e selvagens abraçam-me, como se compreendessem o meu desespero. Meu pânico sem fim. Eu perdi-me. Mas abracei-as de volta. E imaginei o que dizias-me. “És louca amor“.  Uma lágrima cai e detém-se numa das pétalas. Limpei o trajeto por ela feito no meu rosto. Onde estarei eu? Só vejo o campo coberto por flores que me acolhem. Triste. Decido ficar, aqui, agora, com elas. Únicas que suportam ver-me. Que cuidarão de mim, talvez curarão as feridas e apagarão as memorias. Serão únicas a julgar os meus actos e apoiar as minhas derrotas. Mas…espera…elas não são eternas. Elas irão secar e desaparecer. Irão abandonar-me também. E esse tempo, pouco tempo, com elas não é suficiente para o meu sofrimento e a minha sanidade. Elas partirão. E voltarei a ausentar-me na solidão. Não. Eu evito. Eu levanto-me e corro. Estou a correr, a fugir de algo. De novo.


02-04-2013

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