domingo, 14 de abril de 2013

Parar...





« Dói ao inicio, ao inicio de um fim. Fim trágico. E um dia, quando a dor passar, porque não há outro jeito, eu vou parar. Parar de acordar no meio da noite com um pesadelo sobre ti ou vocês ou nos, vou parar de ter vontade de agarrar no meu telemóvel e contar-to, parar de pensar que talvez em resposta eu possa receber um pouco de consolo. Vou parar de acordar em busca de um sinal teu, que tiveste tu um pesadelo e precisas do meu conforto, do meu carinho para matar uma pequena saudade. Vou parar de acordar e aperceber-me pela milésima vez que não estás mais aqui, que não há qualquer rasto teu, agarrar-me a almofada, chorar até me arderem os olhos e adormecer novamente. Vou parar de acordar tremendo de medo que nunca mais pensarás em mim, de medo que percas as memorias todas pelos caminhos que escolheste. Vou parar de dormir com a tua camisola e cheira-la até me faltar o ar. Vou parar de pôr no meu pulso o perfume que tanto usavas, quando passar por ele na loja. Vou parar de comprar-te prendas que nunca mais poderei dar-te. Vou parar de ouvir as nossas musicas e rever as fotografias. Vou parar de usar tanto a roupa com qual gostavas de me ver, só porque isso faz-me sentir-te por perto. Vou parar de imaginar-te com outro alguém. Vou parar de contar horas que já não falamos, dias que já não te vejo, meses que já não te toco. Vou parar de olhar para a tua janela com expectativa que estejas lá a ver-me despercebidamente. Vou parar de ter medo de passar na rua e ver-te. Vou parar de sobressaltar-me ao ouvir a campainha e imaginar que poderás ser tu. Parar de pensar que cada vez que o telemóvel toca és tu e magoar-me por não seres tu. Vou parar de procurar-te na multidão. Parar de querer que sejas tu a minha multidão. Vou parar de querer partilhar os meus segredos e receios contigo. Vou parar de pensar em todas as situações o que dirias ou farias tu. Vou parar de querer mostrar-te os textos que escrevo para ti. E talvez eu paro de escreve-los. Parar de esperar por algo que sei que nunca vai acontecer. Vou parar de pensar em nos, como amor verdadeiro. Parar de pensar que foi uma historia digna de ser contada e parar de conta-la. Parar de ter pena que terminou. Parar de ter tanta carência de ti. Vou parar estar desesperada sem ti. Parar de pensar que o tempo cura. Vou parar de existir para ti. Vou parar de odiar essa dor. Parar de odiar esse texto, e quem sabe, parar de te amar e te odiar. »


14-04-2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sinto a Liberdade


Sinto-me livre, mas não de todo. Eu sinto a alma completa de inspiração e ambição, mas oca sem o teu amor. Sinto o corpo forte e jovem, mas inútil sem ti. Liberdade consiste nisso? As memorias ainda frescas: nossos lábios, dedos entrelaçados nos meus, aroma do teu perfume. Está tudo tão fresco, como se fosse ontem. Estou livre, e não estou. Eu domino a mente, dando-lhe a maior liberdade, ela aceita-a e delira. Mas o coração, o coração não quer ser livre. Provisoriamente. Coração um tolo vidrado em ti, está preso por ti e rasteja aos teus pés. Coração? Fragmentos dele. Partes que conseguiste não destruir ao todo. Pedaços que a tempos chamavas do coração que te pertencia. É comovido pela chama. É tudo o que nos resta. Uma ligeira paixão, umas boas memorias e a total libertação do ser. 

03-04-2013

sábado, 6 de abril de 2013

Um amor ♥




Talvez depois de nos, depois de sentir o “amor” contigo na sua melhor e pior realidade, não quererei sentir mais, depois de descobrir que este “amor” foi forte e limitado no tempo, não saberei mais “amor” nenhum. Depois do teu “amo-te” nenhum terá o mesmo significado, não ficarei tão feliz com esse “amo-te” como costumava ficar com o teu. Depois do meu “amo-te” nenhum será tão sincero e demonstrado, nenhum “amo-te” meu será dito tão lucidamente como foi dito a ti. Talvez eu digo isso agora, mas é agora, movida por emoções e desilusões, que declaro da pureza do sentimento. É agora que me sinto completa e vazia. Completa, cheia e realizada. Completa por ti,  cheia de amor e realizada por ter tido o privilegio de viver o verdadeiro amor. Vazia, esgotada e devastada. Vazia sem ti, esgotada da dor e devastada por não ter tido a consciência de que estava a viver o verdadeiro amor.

Entender isso, da minha parte, foi preciso com o medo. Medo de ficar sem ti, medo de ver alguém a cuidar de ti, medo de quereres um outro alguém. Entender isso, da tua parte, espero que seja com o tempo ou com a companhia de outra pessoa. Talvez o tempo te ensine a rever os erros, ou a valorizar a intensidade e nitidez das sensações. Talvez uma nova companhia te desperte saudade de mim, do meu corpo e da minha alma, ou um novo sentimento, fraco e insuficiente. E pode ser, que assim, tu voltes. E contigo… o nosso amor. 


06-04-2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Momento da Saudade




« Ainda sinto o teu cheiro. Está tão cravado em mim, ele entra com o ar que respiro, e espalha-se pelo corpo todo, e lá permanece. E envia sinais, impulsos de saudades. Gera uma urgência incontrolável de encostar a minha cara ao teu pescoço, e cheirar. Embebedar-me com esse cheiro. E essa vontade torna-se loucura. Loucura torna-se obsessão. E eu derreto-me só de imaginar. Desejo-te abraçar, e relembrar o quanto forte e quente é o teu abraço. Quanto conforto me oferecia, quanto apoio me dava, quanto amor me retribuía. Eu necessito de acabar com esta necessidade, de por um fim nesta loucura e de seguir com esta escolha. E esta maldita saudade eu embalo numa caixa grande de cartão, e envio-te! Fica tu com ela, sofre tu dela. Eu fico apenas com memorias geladas e envelhecidas. »


03-04-2013

« Drama »



Realmente, nem entendo a saudade. Nem sei como resiste em mim. Será que tenho mesmo saudades? Ou é um habito? Ter saudades de algo a que me habituei tanto que se tornou tão previsível. Ter saudades de ver a minha liberdade cerrada numa gaiola antiquada e pendurada no tecto do meu quarto escuro, que faz doer ainda mais. Ter saudades de ter receio do futuro e tremer com o presente. Ter saudades destes sentimentos versáteis.

E ficou tanto por dizer, por tua incapacidade de ouvir e compreender, por minha falta de coragem de falar e decifrar. Ficou tanto por fazer, por tua indolência e minha impaciência. Ficou tanto por sonhar, por tua imaginação muito para além do verosímil, e minha frieza para a utopia. Mas ficou ainda mais por amar, por teu jeito natural e obstinado, sem qualquer raciocínio, e por meu jeito com senso complicado e devastado.

Por fim, chegamos a conclusão que nada faz sentido e até o que mais fazia, já não faz. Que talvez a saudade seja apenas um drama, que o ser humano tem tendência para criar…  


04-04-2013

terça-feira, 2 de abril de 2013

* Flores *



Estou a correr, a fugir de algo. Eu corro com todas as forças que me restam e que a raiva me dá, eu corro. Já estou sem ar e as pernas tremem. Então eu paro. Paro não para descansar, mas para pensar e reencontrar o motivo que me leva a fugir. Porque no meio da fuga e do cansaço, ele escapou-me. Esqueci-me dele por mínimos instantes, mas suficiente para me travar. Respiro profundamente com intenção de abrandar a respiração. Olho em redor, vejo a vida, a vida no seu melhor. Primavera. Estou a detestar esta época. Foi quando tudo começou, o amor e a esperança dolorosa, nos juntas e completas, e agora a minha partida e dor doentia. Enfraqueço. Caiu lentamente e as flores brancas e selvagens abraçam-me, como se compreendessem o meu desespero. Meu pânico sem fim. Eu perdi-me. Mas abracei-as de volta. E imaginei o que dizias-me. “És louca amor“.  Uma lágrima cai e detém-se numa das pétalas. Limpei o trajeto por ela feito no meu rosto. Onde estarei eu? Só vejo o campo coberto por flores que me acolhem. Triste. Decido ficar, aqui, agora, com elas. Únicas que suportam ver-me. Que cuidarão de mim, talvez curarão as feridas e apagarão as memorias. Serão únicas a julgar os meus actos e apoiar as minhas derrotas. Mas…espera…elas não são eternas. Elas irão secar e desaparecer. Irão abandonar-me também. E esse tempo, pouco tempo, com elas não é suficiente para o meu sofrimento e a minha sanidade. Elas partirão. E voltarei a ausentar-me na solidão. Não. Eu evito. Eu levanto-me e corro. Estou a correr, a fugir de algo. De novo.


02-04-2013