domingo, 31 de março de 2013

Deixem-me viver




A minha vida não gira a volta de ninguém, pelo menos assim costumava ser. Eu quero ser livre. Eu sempre o quis. Eu quero ser eu, como fui, a tempos.
É simples. Deixem-me sozinha, imersa na alma e pendurada na vida, deixem-me errar o que tiver de errar, será isso demais? Será isso um erro? Erro de querer errar? Erro de querer viver? De querer ser eu, de querer ter o meu canto. O meu abrigo. Deixem-me. Esvaziem-me. Abandonem os meus refúgios, e deixem-me neles depositar. Saem dos meus deslizes e deixem-me arrepender. Ou não.
Mas será que não conseguem ver o óbvio? Ou não o querem ver? Ou não o entendem  tão obviamente óbvio que ele é. Ou será que sou eu que sou excessivamente egoísta? O que será?
Não quero perder-me, mas se o fizer, não quero  voltar. Eu quero ficar, e apreciar todas as direções possíveis, para que eu possa sair, por mim mesma. Não o façam por mim. Deixem-me fugir. E não me procurem. Deixem-me perder. E não me encontrem. Deixem-me respirar. E não me sigam.

Deixem-me viver.



13-12-12

sexta-feira, 29 de março de 2013

« Nada »




Ossos são terra e sangue agua. Serei um rio, uma fonte de uma desilusão, de uma mentira oculta. De algo tão enganador e indefinível que nem aparece no horizonte, que nem quero ver nem ouvir. E se ouvir que seja o que é, e não o que queres  que pense que é. Porque eu realmente sou um nada, vazio e etéreo. Enorme e discreto. Sou um nada, feito de duvidas dolorosas e segredos perdidos. Sou um nada, desaparecendo em nada e aparecendo em nada. Sou um nada, então deixa-me, e sê algo mais do que eu. Mais do que um nada. Sou um nada tão nada que nada me faz sentir. Sou um nadinha de nada. Sou nada do nada. Sou um tão nada que deixa de ser nada. É um nada fixo, sensato e denso. E tu o que serás? Serás um nada? Nada é demais para ti. Um nada sou eu. Um nada para ti.  

16-03-2013

a Liberdade





Toque, no coração. Palma da mão, mostra-me o futuro que irá em vão. Simples pagina em branco. Amor louco amor. Ser livre. Liberdade, liberdade, liberdade. Eu chamo e reclamo por ti. Eu quero sentir-te aqui, ao pé da prisão da razão. Estupidez minha desejar-te e sonhar-te,  tenho medo de deter-se contigo a sós, e ficar envolvida em ti e movida por ti. E o resto? Contigo há tudo ou nada. Tudo que me leva a loucura e ternura, fugas perpétuas e chamas efémeras. E nada a perder nada a ganhar. És a maldade. Mas eu confio no teu estranho e obscuro poder, oh minha liberdade!



27-10-12