segunda-feira, 2 de abril de 2012

Contigo



Aprendi com ela. Descobri a ser livre. Livre de corpo e alma. De corpo é simples: é apenas não pensar nos demais. Nos pormenores inúteis, dispensáveis. Pois é acordar, vestir umas calças de ganga tão usadas, que algures já devem estar rotas, é por uma camisa já sem ilustração de tanto ser lavada, e calçar uns ténis, sujos e esborrachados. De alma, é mais elementar ainda. É sair a rua, e sentir o vento nos cabelos soltos, abraçar o invisível e contentar-se. Como se isso fosse o suficiente. Contemplar-se com o nada da vida. É sorrir pensando nela, sabendo que sorrirá também ao pensar em ti. É fugir não tendo nenhum lugar em mente. É ultrapassar a margem do racional e permitido. É a libertação constante que a mantem tão livre e tão principal. É encontrar nessa liberdade aprendida o ponto de abrigo, o refugio dos medos e a proteção dos males, esperança no oco e luz no escuro. É aperceber-me que a verdade existe e acima de tudo nos pertence.  


Para: Ana Margarida

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